sábado, 9 de fevereiro de 2008

A segunda casa

Um texto mais antigo, não muito antigo, nos momentos dos meus tempos cult, ir a livraria sempre foi um prazer para mim, mas sempre coisas estranhas acontecem, felizmente elas acabam dando bons textos!

A minha paixão por livrarias já se mostra no título do texto! Espero que gostem.

Beijos e abraços da autora.

-- A segunda casa --

Hoje mesmo estava andando pela rua, sem rumo algum, simplesmente uma desculpa para me manter fora de casa, fumar alguns cigarros, caminhar e me alienar. Como normalmente faço, meus passos me levaram a minha "loja de doces", a livraria, se existe algum lugar que me agrade mais que a livraria, provavelmente é meu quarto, onde leio meus livros e escrevo meus contos e poemas!

Peguei um livro da estante, como se estivesse numa biblioteca, subi as escadas para encontrar algum lugar aconchegante para ler, algo impossível num sábado à tarde, no entanto encontrei um sofá preto e destruído em minha frente, com uma mulher gorda vestindo uma blusa gigante de tricô rosa, uma calça jeans que me deixava em dúvida se ela era feita para ficar justa ou se a mulher era tão gorda que esta calça fora à única que a coube. Seu cheiro era outra coisa que me incomodava, parecia que ela tinha se esquecido do desodorante, seu cheiro era insuportável, como pedreiros depois de horas de trabalho indo pegar suas marmitas para o horário de almoço.

Ignorei tais fatos, pois minha vontade de descobrir o que se encontrava em meio daquelas páginas amareladas com letras miúdas, (não, não era um dicionário), aquele cheiro de livro novo era delicioso, melhor que um bolo de chocolate que acabou de sair do forno, minto... Não tanto, porém chegava perto. Perguntei com delicadeza se havia alguém sentado ao lado daquela mulher, com uma ignorância inacreditável a mulher disse sim rudemente e mal olhando em meus olhos, para dizer a verdade, nem tirou os olhos daquela revista banal, típica de mulher na meia idade desocupada, com assuntos banais, coisas do tipo "Como emagrecer em cinco dias!", coisas que deixam qualquer pessoa com um pouco de cérebro revoltada!

Sentei-me pensando no modo rude que recebi a resposta, no entanto vi-me obrigada a ignorar, para o meu próprio bem, voltei minha atenção ao livro, li as primeiras páginas, com pouca concentração, pois aquele cheiro subia as minhas narinas me deixando enjoada. De repente vi-me espantada, aquela mulher começara a rir graças a algo que lera, porém sua risada parecia um engasgo, aqueles que você pensa que a pessoa está morrendo, pois não emitia som, era soluços calados, que fazia balançar o sofá inteiro.

Olhei de canto de olho para ela, com os olhos querendo se arregalar de espanto ao presenciar tal cena, li mais algumas páginas, mas, talvez pelo livro não estar me interessando, no entanto com certeza graças a mulher, fechei o livro, toquei-o, senti o papel, como uma lunática fascinada por livros que sou, segurei-o com cuidado, desci as escadas. Em menos de segundos senti-me como carne para leões, indo devolver o livro já me apareceram cinco vendedores aflitos por um cliente, era sufocante.

Saí da loja aliviada, me livrei de vendedores irritantes e de uma mulher mal cheirosa! Talvez fosse melhor ir a minha verdadeira casa, não aquela que havia adotado, pegar meu livro na estante e lê-lo, onde não existem vendedores ou mulheres gordas e mal cheirosas, com a graça de Deus. Amanhã eu volto!



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