sábado, 8 de agosto de 2009

Álbum de Infância

Olá todo mundo, logo mais eu volto a rotina e a velha criatividade, eu já estou a recuperando aos poucos, as aulas ainda não começaram graças a gripe do porquinho, mas acho que como falta menos de uma semana, meu cérebro já está funcionando com pelo menos mais intensidade. Eu estava querendo escrever um texto faz tempo, mas somente uma frase ficava em minha mente, "ela queria voltar a ser criança", e somente isso. E hoje finalmente consegui escrever um pouco, não acho que ficou bom, mas eu gosto dele.

Beijos e abraços,
Da Autora.

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Ela queria brincar de ser criança, escrever palavras nas estrelas e comer morango nos dedos, brincar com brigadeiro e deixar a boca toda suja. Ela queria voltar a correr sem preocupação e saber que caso caísse no chão, alguém lhe levantaria a mão. Ela queria fazer rimas bobas e escutar como era uma princesa. Esperar a hora da história e viajar em contos mitológicos, ela queria dormir abraçada em um leãozinho de pelúcia e não ser chamada de infantil.

Ela queria voltar a ser criança, não pensar em roupas nem se preocupar se tem mancha de lama em seu vestido cor-de-rosa. Ela queria reaprender o ABCD, e lembrar o 1234, cantar musiquinhas bobas e falar tudo errado e trocado. Ela queria lembrar como era legal pensar que Freddie Mercury era bonito só porque quando ele cantava pra ela "Heaven for everyone" ela se emocionava e pensava que um homem com uma voz tão linda, devia ser seu príncipe encantado. Ela queria lembrar como seus pais se divertiam quando ela falava "revi fore verione" quando cantava junto com a fita cassete.

Ela queria voltar a ser criança. Perguntar pra mãe na padaria o que era camisinha e deduzir que era uma camisa pequena pra por no dedo. Lembrar como era divertido ficar boiando na piscina, com aquelas boinhas coloridas no braço, brincar de jogo de tabuleiro gigante, onde ela mesma era a pecinha. Queria até brigar, gritar até seu pulmão sair do corpo porque seu irmão inventou um xingamento qualquer só pra ela se irritar, como Baryshnikov, ela não tinha mínima idéia de quem era e pensava que era coisa ofensiva e ia correndo bater nele.

Até era divertido, quando ele a enrolava no cobertor e fazia rolinho a primavera com ela, se bem que na época era bem irritante e a fazia gritar mais, mas nesse momento ele colocava aquela meia na boca dela. Essa parte nem era divertida.

Ela queria voltar a ser criança e lembrar como morreu de medo quando seu irmão fingiu estar possuído, e ela chorava e pedia pra ele voltar. Ou quando ela falava "pára thi!" e ele respondia "parati é um carro", e ela tentava ficar brava mas tava era escondendo um sorriso de graça.

Ela queria voltar a ser criança e ter 5 namorados diferentes ao mesmo tempo, e ter sogras que escreviam cartinhas pra ela falando como ela era linda e inteligente. Voltar para o tempo em que ela tinha mil amigos, até mesmo quando ela batia nos inimigos, quando deu uma voadora no peito de um e pulou as cadeiras da pracinha do colégio pra correr atrás dele e lhe dar um soco certeiro. Sentia falta até das broncas que recebia por isso.

Ela queria realmente voltar a ser criança, porque toda vez que parava pra pensar, sorria e imaginava como era bom aquilo, como era gostoso fazer besteira, dormir na barriga da vó e escutar aqueles barulhos estranhos. Como era relaxante pensar que no outro dia era sexta-feira e ela ia comer besteira na feira, ganhar melancia de graça e comer na mão, porque era coisa que só sua avó deixava e essa era a graça.

Mas era divertido ser quem ela era hoje, não tinha a mesma graça, nem o mesmo brilho, mas era bom, porque quando ela voltava para aquele quartinho e abria o armário dos álbuns de infância, sorria feito boba pensando como foi e é feliz pelas simples coisas que viveu.