sexta-feira, 21 de março de 2008

Poema sem título /Conto "Cowboy"

Para provar que ainda existe vida por aqui... Mas não faz tento tempo, devo confessar que estou numa fase... como posso dizer... Psicodelica minha, algumas idéias meio malucas, até mesmo para mim, que já me considerava maluca o suficiente. Revelo isso só para saberem que minha duas "crianções" que colocarei por aqui, vão ser mais malucas do que estão acostumados.

Uma acabei de criar, poema sem título.

O outro criei segunda feira, ou terça, não sei, efim... Essa semana...

Espero que apreciem

Beijos e abraços, da autora.



-- Poema sem título --

sinto falta de algo,
... ou alguém, não sei ao certo...
sinto falta,

é algo que se repete,

são meses sentindo,
-- mas nada é revelado.
Repito palavras,
-- mas eu sei que sinto,
repito ações,
-- mas não sei quais são,
repito gestos...

Ah, quanta repetição!

um abraço,
um afeto,
um carinho...

não sei,

uma ira,
um colapso
ou um mundo de caos...

Mal sei.

Um beijo,
um ato,
um desenho...

isso já sei.

a quem não compreende,
a quem não entende,
há somente eu, nada mais.

-- Porque você não me satisfaz,


"para ser sincero",

você mal existe,


"para ser mais sincero",

eu queria que existisse.






Conto -

-- Cowboy --

Ele era um homem solitário, sem destino, sem paixões além de seu cigarro de palha, isqueiro? Ele não conhecia isqueiros, acendia cigarros de palha com o fogo de sua bala.

Atirava em copos de cerveja, saia correndo para tomar os últimos goles que sobravam nos copos de vidro quebrados. Ele andava pelas ruas desertas, a terra em suas botas de couro gastas, chutava o pó, vendo o vendo puxar a poeira para um dos lados, o lado que a poeira seguia, era o lado que ele caminhava.

Em suas andanças sem destino, encontrou um cavalo, velho cavalo marrom, preso em uma arvore sem frutos e sem folhas, cavalo magricelo, era seu apelido, ele gritava para o cavalo "Seu velho magricelo!", o cavalo andava mais rápido, ele lhe dava tabaco para comer ao invés de capim, o cavalo soltava fumaça pelas narinas e suspirava como se entendesse os pensamentos daquele velho cowboy sem destino.

Uma cobra de estimação, era tudo que ele tinha além do Velho Magricelo, seu nome era Charlotte, a pequena e venenosa Charlotte, ele se lembrava em suas andanças quando a encontrou, tentou morder sua bota de couro, o cowboy sem destino a chutou e a viu fazer um chiado de raiva, se aproximou dela e ela o picou, mas ele era tão forte que o veneno não lhe causou nada, ele desde então a carregava no pescoço, como uma velha companheira de batalha. Seus melhores amigos eram os que o feriram, era o que o cowboy dizia.

Seus dois revolveres velhos, ele se achava o poderoso, atirava mesmo não tendo motivos, e assoprava a fumaça que saia do cano de suas armas, como se fosse um velho poderoso, cowboy. Encontrava água quando precisava, dormia então no lombo de seu cavalo, às vezes encontrava uma arvore velha e capenga para apoiar a cabeça, enquanto acariciava a pele fria de Charlotte.

Sua alimentação era o sol daquele deserto sem fim, o resto era tabaco, seus dentes eram podres, assim como sua alma. Sua historia não tinha muitos mistérios, era o Cowboy, somente isso, girava suas armas nos dedos, quando chegava em uma cidade nova, fazendo barulho com as rodas de sua bota enquanto andava, usava um chapéu usado, e uns óculos de aviador escuros, falava para seus companheiros. "Charlotte, hoje veremos sangue! Velho, você terá que correr!".

Via qualquer mendigo pela rua, e gritava "Hey, alma sem destino! Onde estão os outros?", o mendigo o olhava com uma grande interrogação encima de sua cabeça "Todos se foram, essa doença está matando a todos nós, só não fui junto porque não tenho mais forças para andar", o cowboy o olhou surpreso "Doença?! Que doença?", "não sei, espíritos aparecem nas portas das casas, vasculham o local e tomam as almas de velhos moradores dessa pequena cidade...".

O Cowboy riu, uma gargalhada de deboche, "E o que acontece depois, companheiro?", queria saber o final da historia, acariciava sua Charlotte e deu tapas amigáveis no Velho. "Os corpos ficam sem destino, se perdem, não servem mais para nada, ai misteriosamente dizem 'VOCÊ SERÁ O PRÓXIMO!' para outra pobre alma, e no próximo dia a coisa se repete pro coitado que a alma perdida apontou...". O cowboy riu mais uma vez, o Velho fez um barulho estranho envolvendo suas narinas, "Então todos se foram... E você está aqui, onde está a ultima alma perdida?".

"Você não pode ir até ela, ela está esperando sua próxima vitima, se não sou eu, você pode ser o próximo!", "Não acredito nessas bobagens, companheiro. Sou um cowboy, ando pela terra morta, com minha Charlotte e meu Velho, caminhamos sem destino e sem medo de nada, masco meu tabaco e caminho por onde o vento e leva, ele me levou até aqui... Onde está a alma?!". "Se é tão corajoso, lhe digo, cowboy... A segunda casa da esquerda, próximo ao velho bar abandonado...", o cowboy acenou com o seu chapéu e montou no seu Velho, "Até mais, alma sem destino, cuidando por onde pisa!", foi quando o cowboy reparou que o velho mal tinha pernas.

"Vamos lá Velho, caminhe em frente..." mas seu cavalo magricelo não quis se mover, ele deu um chute com o calcanhar de sua bota no cavalo, e o cavalo andou, com calma e com medo. "Você é mesmo um covarde, Charlotte está aqui do meu lado, e você mal querendo andar...", foi quando percebeu que a cobra traiçoeira estava escondida em seu casaco de couro. "Charlotte, até você?! Ande, saia dai!". A cobra não obedeceu, "Seus frouxos! Vou andando então, me esperem ai!".

O cowboy desceu do cavalo e pegou suas armas, girando-as em seus dedos, cuspindo o resto de tabaco de sua boca, andando com pernas largas até a casa indicada pelo mendigo sem pernas, a porta estava aberta, o local escuro e os cômodos todos espalhados pelo chão, "Alguém ai companheiro?", chamou o cowboy, um homem de barbas brancas e um velho chapéu de pau, saiu de trás de um armário, seus olhos estavam fundos, sua pele pálida e ele estava incrivelmente magro, "Nossa Senhora!" o cowboy exclamou. O velho lhe apontou o dedo, o cowboy apontou suas armas ao velho, suas mãos tremiam e seus olhos já estavam arregalados. "VOCÊ SERÁ O PRÓXIMO!" gritou o velho apontando seus dedos magricelos para o cowboy, o velho cai no chão e começa a se contorcer, até parar, o cowboy lhe manda um tiro no peito, para ter certeza que o velho louco estava morto.

O cowboy saiu da casa abandonada, pálido de medo, olhou para sua cobra Charlotte e seu cavalo Velho Magricelo, ambos desviaram do cowboy quando ele tentou montar em seu cavalo, Charlotte tentou o picar, e os animais saíram correndo pela estrada, deixando o cowboy com o velho sem pernas, que urrou "Você está amaldiçoado!", o cowboy sentiu sua vida sair por cada orifício de seu corpo e caiu no chão, pálido e com a boca entreaberta, deixou suas armas caírem, com a pouca força que ainda lhe restava, apontou seus revolveres para o céu e deu dois tiros, vendo a bala subir com velocidade, e descer balas em seu peito, antes disso se levantou em um pulo e apontou o dedo para o mendigo e gritou "VOCÊ SERÁ O PRÓXIMO!", e lá se foi um cowboy, abandonado e morto, a coragem matou o homem sem destino.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Análise

Pois é, estava demorando para que eu começasse a enrolar para atualizações, não me leve a mal, não esqueci esse espaço mal frequentado, simplesmente não tive tempo, nem paciencia, para por qualquer coisa nova por aqui.

Agora sou uma pseudo-jornalista, finalmente entrando na área que amo, agora cada dia é uma descoberta, o que é incrivel, tirando as aulas de Etica, que obviamente sempre discordo com a professora.

Esse texto que vou colocar aqui não é bem novo, mas também não teve ter menos de dois ou três meses de existencia, não tenho muito a dizer sobre ele, é uma analise meio louca de mim mesma, quem frequenta aqui pode perceber que adoro fazer analises, inclusive a minha própria pessoa.

Beijos e abraços, da autora.

-- Análise --

Nenhum escritor é normal, esse sempre foi meu ponto, é como para escolher algo do tipo para vida fosse já uma loucura, mas uma loucura que faço questão de possuir, se não escrevesse seria mais um num mundo lotado de gente normal, o que não me agrada muito.

Minha dificuldade de transparecer o que sou pessoalmente facilitou minha escolha, sou uma pessoa lotada de temores, mas nunca os deixo a mostra na vida real, só em palavras soltas. A arte é uma vida, não mais uma escolha, minha mente é uma maquina, não mais uma essência de um corpo lotado de veias, músculos, ossos.

Vivo uma vida pacata, por falta de escolha, transformo emoções e aventuras em letras, não consigo mostrá-los em atos, não que não queria, se fosse o que escrevo, provavelmente me divertiria bem mais, uma vida lotada de ações, correrias, paixões, poucas falhas, muitos acertos, mas a vida não é um livro, não é um filme, não são palavras.

As falhas serão sempre superiores aos acertos, isso não me incomoda, enquanto ainda exista papel e caneta no mundo, sinto-me feliz por ser alguém tão humano, tão errante. Meus sonhos se tornam realidade, uma falsa realidade, uma realidade compartilhada. Sinto como se meus olhos absorverem o que gostaria, sinto como se meus dedos se tornassem a fuga mais fácil para uma vida entediante.

Observo tudo, talvez seja o erro, graças a isso vejo o que não quero, graças a isso presencio atos indesejados, se soubesse que a vida seria tão complexa, talvez meu eu medroso não se mantivesse escondido durante tanto tempo, para ser sincera, ele está mais presente do que imagino.

O meu eu corajoso é falso, tão falso que tenho ódio, talvez perceba que não sou o que demonstro ser, se não percebesse não estaria escrevendo tais palavras. Talvez meu eu medroso seja menos real do que imagino, afinal se fosse tão real não teria a coragem de assumir o que sou ou o que penso ser.

Auto analises nunca foram meu forte, prefiro analisar outros, o que é um risco, torno uma psicóloga pessoal de companheiros e amigos, as vezes gosto desse trabalho não remunerado, mas as vezes as coisas não são bem assim. Poder ajudar, mas não achar ajuda, aquele lado mesquinho que sempre tive se revolta, por outro lado o meu lado mesquinho se mantém quieto pelo simples fato de quando ajudo alguém, indiretamente ajudo a mim mesma.

Há! Não... Não estou fugindo do que sempre disse da humanidade, não estou falando que ajudar os outros me ajuda, pois fiz uma "boa ação", longe disso, não acredito em "boas ações voluntárias", mas ao ajudar alguém com minhas análises, principiante me ajudo absorvendo os conselhos e analises que faço dos outros.

Ao longo dos anos você repara que não é tão original quanto imagina ser, você absorve tanta coisa dos outros ao seu redor que sua originalidade vai por água abaixo, você se torna partes.

As partes das pessoas que você considera úteis em sua vida se tornam suas, você se torna um vampiro da vida real, absorve o que quer, abstrai o que não quer. E tinha gente que achava que essas coisas não existiam!

Sua personalidade se transforma com uma freqüência absurda, em um ano você descobre algo novo sobre si, no próximo ano esse algo novo é abstraído e substituído por algo mais útil. Como Sherlock Holmes costumava pensar, meu cérebro é uma máquina, só coisas úteis se mantém nela, o que não me acrescentará nada é posto numa pasta e logo vai ao lixo. Mas no caso não é exatamente o cérebro, e sim sua essência.

Talvez esteja mostrando ainda mais minha insanidade escrevendo tais palavras, talvez esteja mostrando o contrário. Sempre tive a mania dos "talvez", provavelmente (mudei a palavra) seja pelo fato de nunca achar algo correto, tudo tem seus lados, não importa o que, duas opções, às vezes mais de duas, o que importa é que sempre existirão os "talvez".

Impressiono-me o quanto consegui absorver em tão pouco tempo de existência, não sei quando comecei essa mania de análise, tenho menos de duas décadas de vida e mesmo assim me espanto com gente que tem mais de quatro décadas de vida, porém não é nada do que deveria ser, nesse lado a sociedade se contradiz.

Já escutei que o quão velho você se torna, mais sabedoria absorve, se fosse isso não teríamos um analfabeto no comando de nosso país, se fosse isso nossos líderes já teriam chego a conclusão que algumas coisas estão erradas, mas mesmo assim precisam de pessoas com menos de duas décadas de vida para mostrar-lhes isso.

Opa, já envolvi política, não era meu ponto... Na realidade não sei meu ponto, escrever causa isso, quanto mais você marcar pontos no que pretende escrever, menos consegue escrever o que quer, sempre foge aos pontos principais e quando para finalmente para ler o que escreveu percebe que não saiu nada do jeito que você imaginava, mas saiu melhor. É um mistério, espero que isso não aconteça somente comigo, pois se sim tenho sérios problemas de concentração.