sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aniversário

Há algo que eu sempre disse sobre a felicidade, eu imaginava que uma pessoa realmente feliz é aquela que olha para trás e sorri lembrando de cada coisa que viveu, hoje eu fiz outra coisa, além de olhar para trás, eu olhei para frente e sorri, não importando quantas coisas já me fizeram chorar ou me fizeram sofrer, ou como minha infância foi feliz e como eu tenho história para contar, mas como o momento que vivi no agora fez parte fundamental de minha vida.

Aniversário muitas vezes não parece bom, porque significa que você está ficando mais velho e perdendo as diversões que tinha quando jovem, ou que as responsabilidades vão aumentando, ou então a parte chata de receber telefonemas daquelas pessoas que nunca se lembram de você o ano todo e que só conversam com você por cinco minutos nessa data e no natal. Mas hoje eu nem me importei.

As pessoas que eu amo estavam presentes e eu me senti como se estivesse naqueles filmes clichês hollywoodianos, onde a família está toda reunida, todos sorrindo e conversando, rindo horrores falando de bobagens que nunca costumam falar, e foi tudo isso. Muitas pessoas têm o costume de se nomearem pessoas “família”, aquelas que se dizem caseiras, que amam ficar em casa com suas famílias, algumas dessas pessoas falam isso simplesmente da boca pra fora, mas eu acho que sou diferente, porque eu estar lá, com meus pais, minhas primas, meu irmão, minha tia e principalmente minha avó, foi o maior presente que eu poderia receber esse ano.

Eu via tudo em slow motion, cada ato e cada conversa, cada lembrança besta que tivemos juntos, cada palavra idiota que eu falei, tudo. E não é só isso, eu me senti tão inteiramente feliz que comecei a pensar que todos os planos que fiz em minha vida podem esperar alguns minutos, todas as responsabilidades, trabalhos e coisas chatas, naquele minuto podiam desaparecer.

Ninguém sabe o que é receber o mundo coberto de chantili e cheio de cerejas de seu melhor amigo, o que é escutar de sua família a sinceridade de que eles se orgulham de mim, o que é abraçá-los e se sentir totalmente completa. É assim que me sinto agora.

Depois de tantos aniversários, 18 para ser exata, esse décimo nono aniversário foi o melhor de minha vida, e eu agradeço muito, agradeço a minha família, aos meus amigos, ao meu querido Thiago M. Mattar, aquele que em pouco tempo se tornou o amigo que eu mais admiro e respeito, aquele que fez esse dia e o dia anterior a ele os melhores de minha vida e que torna todos os dias que estou ao lado dele, um dia especial. Muitas pessoas não entendem essa amizade, mas eu acho que é porque nunca tiveram uma amizade pura como eu tive a honra de ter, não sabem o que é conversar sobre filmes que gostamos e termos as mesmas cenas favoritas, ou aprender um com o outro e nem ao menos ser um amor físico, e sim totalmente sentimental.

Eu acho que hoje eu finalmente posso ter certeza quando digo que estou completa, eu ainda tenho meus planos e coisas que quero fazer, coisas que quero descobrir, mas meu coração está completo, com todas as pessoas que amo e admiro, todas as pessoas que me encantam. Obrigada, por fim eu digo, por essas poucas e especiais pessoas, obrigada por estarem comigo e obrigada por me fazerem chorar de felicidade enquanto escrevo isso. Hoje eu tive o mundo “com calda de chocolate e uma cereja encima”.

Abraços de
Juliana A. M. Monteiro

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Garota Metamorfose

O grande problema de escrever e imaginar um título na minha opinião, acabei de terminar uma história e não faço idéia o que escrever como título, até corrigir os erros de português (que por incrível que pareça, mesmo sendo quase jornalista e quase escritora, são muitos) eu penso num título bom.

Eu vou tentar não demorar muito nas postagens agora, prometo que vou me esforçar!

Beijos e abraços,

Da Autora.

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Era estranho encontrar um lado vazio naquela cama, me abraçar nos travesseiros pela falta daquele corpo que antigamente eu abraçava. Era diferente acordar de manhã, atrasado e sem escutar a respiração calma dela enquanto me forçava a abrir os olhos. Hoje meus olhos se forçavam para abrir, por saber que uma vez abertos, ela não estaria por lá.

Mesmo com todos os avisos, diretos e indiretos, de sua parte, eu continuei lutando e crendo que aquilo jamais ia acontecer, que talvez fosse só coisa de cinema, que não ia acontecer comigo. Eu não me lembrava de ter jogado chiclete na cruz, mas estava recebendo um castigo e tanto. Ela me falava que um dia ia se cansar, que um dia ia me abandonar e que não ia dar aviso prévio. Que nosso amor era que nem pizza, uma hora ia encher, acabar e ela se levantaria e jogaria a caixa fora, indo depois se sentar na frente da TV para gastar tempo.

Mas ela era tão diferente! Talvez por esse mesmo motivo que ela não era o tipo de mulher que aturaria ficar ao lado de um homem comum como eu, com os mesmos papos, os mesmos caminhos e os mesmos destinos. Ela fugia de qualquer rotina, mudava o caminho de casa só para falar que não tava indo pra mesma casa, trocava a marca de cigarro porque pensava que era um modo de não viciar. Vício é uma coisa muito comum. Ela nem usava carro, porque como era muito caro trocar o carro toda vez que se cansava, ela preferia só mudar o tênis, aqueles all-star multicoloridos que não combinavam com nada.

Por acaso ela odiava combinar roupas, usava uma peça diferente da outra, e a primeira vez que eu a vi eu achei graça, achei estranho e até ri. Mas depois eu entendi a complexidade dela e a minha vontade de conhecê-la, decifrá-la foi maior.

Não é como se ela não tivesse me avisado. Ela falou em alto bom som que não era bom aquilo, que ela não queria me fazer sofrer, mas eu pensei que fosse história boba de qualquer garota que se acha muito forte e auto-suficiente. A merda que dessa vez era verdade. Ela disse para eu não me apaixonar, para eu ir embora, mas cada vez que ela falava isso eu chegava mais perto dela.

Também assumiu que era egoísta, que uma vez ela avisa, a outra ela ligaria o foda-se e deixaria eu quebrar a cara. E foi ai que eu me ferrei mais ainda, porque ela parou de lutar contra e deixou rolar, deixou até o momento que eu não pude mais controlar minha paixão, que minha vida sem ela parecia um desperdício de tempo, como tomar um sorvete do Mac e não comer a casquinha.

Já falei do sorriso dela? Pois é, aquele sorriso era de paralisar, conhece aquele sorriso largo, bonito, com dentes brancos, e lábios carnudos? Daquele que só em uma olhada você já tá sorrindo junto? Era esse mesmo e ainda melhor, porque sempre vinha junto com uma gargalhada, daquelas grossas e altas, mas femininas, daquelas de criança de 10 anos que descobriu algum palavrão novo, aquele típico riso animado.

E ela ficava irritada quando eu falava que tava completamente apaixonado por ela, quando chegava assim de mancinho, abraçando e a beijando, ela dava alguns passos para trás e falava para eu me acalmar, me controlar. O mais bizarro era escutar a palavra "controle" de uma pessoa que fazia tudo por instinto!

Se Raul Seixas estivesse vivo, ele a chamaria de "metamorfose ambulante", porque ao mesmo tempo que ela ria, ela brigava, ao mesmo tempo que ela queria distancia, ela vinha atrás de mim, me abraçando e pedindo para fazer amor. Ao mesmo tempo que ela queria estar por cima, ela pedia para ficar por baixo, queria ser o controle e o descontrole.

E ela queria o mundo, "Com calda de chocolate e uma cereja em cima". Falava que queria carinho, deitava de conchinha, pedia beijos no pescoço, cafuné nos cabelos - que mudavam de cor de acordo com o humor dela, mas de repente ela pulava fora, saída do meu lado e mandava eu embora.

E um dia ela pulou de vez, e só deixou um papel em branco, enrolado, com um cordãozinho envolta dele, daqueles de couro bem velho, com somente um símbolo, a única coisa que ela não tirava nem trocava, era algo como um símbolo antigo que ela nunca me explicou o significado, só falava que era dali que ela tinha saído e dali que um dia ela ia voltar.

Só sei que ela foi, e agora eu não achava graça, nem no antes nem no depois. Não é fácil de acostumar com o normal quando você viveu um tempo com o anormal. Vai ver que ela nem era anormal, somente diferente, somente perfeita. Ainda mais perfeita para mim.

domingo, 4 de outubro de 2009

Preconceito Sexual

Há tanto tempo sem postar que eu juro que estou perdendo a minha criatividade para escrita. Talvez pela falta de tempo, talvez pelo excesso de tempo, de qualquer jeito, hoje estou me focando ao máximo para poder falar pelo menos algumas linhas sobre um assunto que está me incomodando profundamente.

Não quero parecer repetitiva, ou escolher assuntos que outros já trataram, mas não tive escolha, sei que muitos de vocês não concordarão com a minha opinião, mas isso não me impede em nada de dá-la. Preconceito, seria o assunto básico, sexualidade é onde eu vou realmente me enfiar.

Há muito tempo sofro com esse preconceito, antigamente homossexuais se diziam descriminados, assunto de preconceito pelo resto da população, mas hoje em dia, é uma heterossexual que vem até vocês para falar que está sofrendo preconceito.

Algumas coisas estão se tornando moda, o que antes era considerado algo sem escolha, afinal quem realmente escolhe viver a vida sendo ofendido por o que é? Hoje em dia é considerado moda. O Homossexualismo se tornou uma marca de grife, o que me incomoda profundamente.

O modo como você se veste pode ser um dos motivos que você tem “um pé” para se tornar gay ou hetero, é uma chatação inacreditável, você fala de um modo, age de um modo, se veste de um modo, trata os outros de um modo, por isso você pode ser “x” pessoa. Tiraram a escolha do outro de assumir o que é, tiraram a capacidade dele se sentir livre para se descobrir, simplesmente enfiam um rótulo goela a baixo e você tem que aceitar, caso não aceite, é motivo de piada.

Isso não é vida, “opção” sexual não é algo que outros devem dizer para você, é algo que talvez você nasça com, talvez você tenha que se descobrir. Não é uma tribo nova, não é um estilo, é a sua vida, é o modo que você segue ela, é com quem você pretende estar quando envelhecer.

Ser rotulada de gay porque eu ajo de uma determinada forma, é uma forma de preconceito inacreditável, ainda mais por serem os próprios homossexuais que estão me rotulando. Já pensou o quanto você sofreu por ser o que você é, já pensaram como você sempre desejou ser feliz quando muitas vezes sua própria família não te aceita? Já pensou o quanto você mesmo já sofreu com rótulos, com pessoas te chatando de tal modo, com pessoas te dizendo como ser e como agir? Ou melhor, como eles dizem ter certeza como você é?

Isso é um desrespeito a vida, um desrespeito as suas escolhas, não deixar que você mesmo se descubra, e quando você nega a primeira coisa que te dizem “ah, mas você é jovem ainda, tem tempo”, o que o tempo tem a ver com essa história? Se dizem que a sexualidade é algo que está dentro de nós, não é como se eu acordasse um dia, com 30 anos de idade e descobrisse que sou hetero ou que sou homo!

Não use o que você é como grife, se você faz isso, melhor pensar mais no que realmente é, se descubra antes que alguém diga que te conhece e que te entende. Se nem ao menos você se conhece por inteiro, o que é uma pessoa te falando que sabe exatamente como você é e como você age?

Algumas pessoas que se dizem gays hoje em dia, pensam que todos em volta também serão do mesmo modo, essas pessoas para mim, não são realmente homossexuais, porque os homossexuais que eu conheço, que eu convivo, que são realmente meus amigos, não usam isso como forma de rotular alguém, eles aceitam os outros de uma maneira até divina, porque aceitam até os que não aceitaram eles quando eles se assumiram gays.

Respeito é a base de qualquer relacionamento, sexual ou amigável, isso é o que eu pretendo que algumas pessoas sigam. Respeite a decisão dos outros, respeite como o outro é, respeite como ele vive, respeite suas escolhas, porque se você não respeita, não espere que os outros te respeitem também.

Quem luta contra o preconceito e age com preconceito, mente para si e para o próximo, não respeita e não merece ser respeitado.

Abraços,

Da Autora


PS: E o Blog fez dois anos dia 4 de Setembro, parabéns para ele e obrigada a quem lê.