terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Lobo

Eu sinto muito pela demora, juro que dessa vez a culpa não foi toda minha e da minha falta de criatividade. Mas meu computador quebrou e estou usando temporariamente o do meu pai só para olhar os emails e algumas outras coisas. No entanto, antes de sair, consegui escrever algo, está meio confuso, mas acho que dá pra entender!

Beijos e abraços
Da autora.

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Eu queria gritar. Ele me chamava como um rugido alto e violento e tentava de todos os modos arranhar o meu peito, mente e corpo. Eu fechava os olhos e imaginava quando aquele tormento ia terminar, mas parecia inútil me controlar. Sua força era tão grande, me rasgava ao meio, destruía qualquer parte racional de minha mente, entrava em minhas entranhas e me possuía, me controlava e me fazia lutar.

Ele queria que eu visse tudo que fechava os olhos, todos os dias que abaixava a cabeça e seguia em frente fingindo que nada acontecia, ele trazia um tratamento de choque, me fazendo finalmente reagir. Eu não sabia o que fazer, mas aquela força que ele me oferecia, ou melhor, que ele jogava em mim violentamente, me trazia algo, algo mais forte do que eu jamais experimentei. Não era ódio, mas era totalmente descontrolado, ele ignorava minha razão e me obrigava a seguir meus instintos. Não era injusto.

Ele sabia o que estava fazendo e eu também sabia o que deveria ter feito e nunca fiz, agora era a hora de mostrar o que eu realmente poderia ser. Eu o abracei, o absorvi e deixei que meu corpo se tornasse dele, que a força que ele tinha, se tornasse a minha própria. E eu queria lutar. Eu ia lutar, eu conseguia sentir meu sangue quente circulando, queimando minhas veias, pulsando, fazendo meu coração ir mais rápido e sem controle, forte, como se eu pudesse o escutar a metros de distância. Eu podia correr sem me cansar, podia observar tudo, ver pessoas agindo do mesmo modo que eu agia, eu tinha um propósito agora e aquilo era a melhor coisa que poderia ter acontecido.

Ele me ensinava a cada passo, mostrava os sangues congelados e os corações frios que eu devia destruir, eu me enojava somente ao ver essas pessoas. Não. Elas eram mais monstros, que tomavam o poder de uma sociedade inteira, escravizando almas e absorvendo todo o poder que podiam encontrar, toda a energia de pessoas que não sabiam se proteger. Tão covardes! Não davam chance, não permitiam que essas pessoas soubessem o que estava acontecendo com as suas escolhas, deixando aquele povo ainda mais absorvido num manto de ignorância e alienação!

Eu estava lá, ainda podia me lembrar das vezes que me mantive calado, pensando que o que me tiravam era tudo que eu merecia, porque eu era o errado. E agora estava em outro lado, correndo em direção a uma justiça. E ela não era doce, era amarga, áspera e fria, congelava minha garganta a cada gole, e me esmurrava na face sem perdão, era tão congelada porque estava a tanto tempo sem ser tocada.

Eu sentia uma ira que fazia meu corpo tremer, a raiva dominava cada centímetro meu, me prendia e tentava me fazer reagir, e eu estava pela primeira vez em minha vida, reagindo. Ele não se orgulhava, nem ao menos sorria, seus dentes estavam serrados, me encarando, demonstrando um desprezo difícil de tragar. Eu merecia, depois de tantos anos andando no escuro, finalmente abria meus olhos, e merecia o desprezo pela demora. Eu tinha a força, a justiça e a raiva. Esta três combinações poderiam destruir meu corpo e tudo que nele consiste, mas agora somente me alimentava. Vencer é a palavra mais desejada, porém a mais difícil de alcançar, quando uma sociedade está tão dominada pelos poderes errados, vencer não é o caminho, mas incomodar e unir, mudar. Não é porque estou numa guerra em que todos os fatores me informam a derrota, que irei desistir. Quem antes sentia medo, agora trará medo.