quarta-feira, 28 de novembro de 2012
O Bicho
O bicho mordida tudo que via
Farejava por carne e cravava seus dentes
Rosnava e corria
Corria só por correr
E rosnava só por não saber
O bicho não estava faminto
Mas estava vazio.
Fazia tempo que perambulava por’quelas terras
Nada havia ali além de carnes podres
Carnes vivas, mas não suas carnes.
Rosnava novamente, pulava o morro
Lambia suas poucas feridas
Sentia o gosto da doença.
O bicho deitava na grama
Já estava exausto e nada acontecia.
Barriga cheia e dentes podres
Suas gengivas sangravam e o bicho olhava.
Olhava o tempo passar,
Tempo sorrateiro que rastejava minutos.
O sol lhe ardia os pêlos
O bicho queria água.
Rosnou e ela não apareceu
Mordeu a terra e nenhuma gota surgiu.
O bicho andou com suas patas moles
Afundavam na grama seca.
Olhou em direção de algo, só via carne podre.
Carne fraca que não tinha líquido além do sangue
E o sangue não lhe sustentava.
O bicho deixou-se cair.
Rolou na grama e olhou o céu
O céu era claro, queimava seus olhos
O bicho rosnava para o sol
Mas o sol não o temia
O sol nem ao menos o conhecia
Não sabia de sua dor interna
E não se importava com isso.
O sol tinha tempo pra ficar
O tempo não queria deixá-lo passar.
O bicho mordeu a grama seca
Mordeu a terra e chupou o sangue das carnes podres.
Lambeu a água de seu corpo.
Perdeu as forças para se levantar.
O bicho virou carne podre
Mordida pelo bicho que rosnava em busca de nada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário