domingo, 3 de outubro de 2010

A Náusea Sartreana

Há temos que não escrevo realmente em um papel. Amassado, com manchas recentes de café, mas um papel mesmo assim. Às vezes penso que perdi essa capacidade. A de deixar minha mente fluir vagarosamente em uma folha, arranhada por uma caneta qualquer. Minha mente anda poluída e rápida de mais, não tenho mais paciência de uma criação lenta como a escrita.

Faz tão frio que minha mão não corresponde aos chamados e me canso rapidamente. Penso em acender um cigarro, mas se fizesse, não conseguiria escrever, preciso segurar o papel com força enquanto o faço.

Vejo de dez em dez minutos um homem passando, correndo com pouca roupa. Sinto um frio inimaginável só de olhá-lo, talvez o exercício físico não o permita sentir a baixa temperatura, de fato o meu tipo de exercício, o exercício mental, não tem essa capacidade.

A fonte que sempre costumo observar quando paro para ler nesta praça, começa a me irritar, o barulho da água correndo é repetitivo. Hoje colocaram livros na fonte, livros abertos. Supostamente é algum tipo de exposição pós-moderna que eu não vou e nem pretendo entender. Considero, sim, um desperdício literário. Cultura molhada como a minha folha molhada de café.

Nenhum comentário: