terça-feira, 6 de outubro de 2009

Garota Metamorfose

O grande problema de escrever e imaginar um título na minha opinião, acabei de terminar uma história e não faço idéia o que escrever como título, até corrigir os erros de português (que por incrível que pareça, mesmo sendo quase jornalista e quase escritora, são muitos) eu penso num título bom.

Eu vou tentar não demorar muito nas postagens agora, prometo que vou me esforçar!

Beijos e abraços,

Da Autora.

____

Era estranho encontrar um lado vazio naquela cama, me abraçar nos travesseiros pela falta daquele corpo que antigamente eu abraçava. Era diferente acordar de manhã, atrasado e sem escutar a respiração calma dela enquanto me forçava a abrir os olhos. Hoje meus olhos se forçavam para abrir, por saber que uma vez abertos, ela não estaria por lá.

Mesmo com todos os avisos, diretos e indiretos, de sua parte, eu continuei lutando e crendo que aquilo jamais ia acontecer, que talvez fosse só coisa de cinema, que não ia acontecer comigo. Eu não me lembrava de ter jogado chiclete na cruz, mas estava recebendo um castigo e tanto. Ela me falava que um dia ia se cansar, que um dia ia me abandonar e que não ia dar aviso prévio. Que nosso amor era que nem pizza, uma hora ia encher, acabar e ela se levantaria e jogaria a caixa fora, indo depois se sentar na frente da TV para gastar tempo.

Mas ela era tão diferente! Talvez por esse mesmo motivo que ela não era o tipo de mulher que aturaria ficar ao lado de um homem comum como eu, com os mesmos papos, os mesmos caminhos e os mesmos destinos. Ela fugia de qualquer rotina, mudava o caminho de casa só para falar que não tava indo pra mesma casa, trocava a marca de cigarro porque pensava que era um modo de não viciar. Vício é uma coisa muito comum. Ela nem usava carro, porque como era muito caro trocar o carro toda vez que se cansava, ela preferia só mudar o tênis, aqueles all-star multicoloridos que não combinavam com nada.

Por acaso ela odiava combinar roupas, usava uma peça diferente da outra, e a primeira vez que eu a vi eu achei graça, achei estranho e até ri. Mas depois eu entendi a complexidade dela e a minha vontade de conhecê-la, decifrá-la foi maior.

Não é como se ela não tivesse me avisado. Ela falou em alto bom som que não era bom aquilo, que ela não queria me fazer sofrer, mas eu pensei que fosse história boba de qualquer garota que se acha muito forte e auto-suficiente. A merda que dessa vez era verdade. Ela disse para eu não me apaixonar, para eu ir embora, mas cada vez que ela falava isso eu chegava mais perto dela.

Também assumiu que era egoísta, que uma vez ela avisa, a outra ela ligaria o foda-se e deixaria eu quebrar a cara. E foi ai que eu me ferrei mais ainda, porque ela parou de lutar contra e deixou rolar, deixou até o momento que eu não pude mais controlar minha paixão, que minha vida sem ela parecia um desperdício de tempo, como tomar um sorvete do Mac e não comer a casquinha.

Já falei do sorriso dela? Pois é, aquele sorriso era de paralisar, conhece aquele sorriso largo, bonito, com dentes brancos, e lábios carnudos? Daquele que só em uma olhada você já tá sorrindo junto? Era esse mesmo e ainda melhor, porque sempre vinha junto com uma gargalhada, daquelas grossas e altas, mas femininas, daquelas de criança de 10 anos que descobriu algum palavrão novo, aquele típico riso animado.

E ela ficava irritada quando eu falava que tava completamente apaixonado por ela, quando chegava assim de mancinho, abraçando e a beijando, ela dava alguns passos para trás e falava para eu me acalmar, me controlar. O mais bizarro era escutar a palavra "controle" de uma pessoa que fazia tudo por instinto!

Se Raul Seixas estivesse vivo, ele a chamaria de "metamorfose ambulante", porque ao mesmo tempo que ela ria, ela brigava, ao mesmo tempo que ela queria distancia, ela vinha atrás de mim, me abraçando e pedindo para fazer amor. Ao mesmo tempo que ela queria estar por cima, ela pedia para ficar por baixo, queria ser o controle e o descontrole.

E ela queria o mundo, "Com calda de chocolate e uma cereja em cima". Falava que queria carinho, deitava de conchinha, pedia beijos no pescoço, cafuné nos cabelos - que mudavam de cor de acordo com o humor dela, mas de repente ela pulava fora, saída do meu lado e mandava eu embora.

E um dia ela pulou de vez, e só deixou um papel em branco, enrolado, com um cordãozinho envolta dele, daqueles de couro bem velho, com somente um símbolo, a única coisa que ela não tirava nem trocava, era algo como um símbolo antigo que ela nunca me explicou o significado, só falava que era dali que ela tinha saído e dali que um dia ela ia voltar.

Só sei que ela foi, e agora eu não achava graça, nem no antes nem no depois. Não é fácil de acostumar com o normal quando você viveu um tempo com o anormal. Vai ver que ela nem era anormal, somente diferente, somente perfeita. Ainda mais perfeita para mim.

Um comentário:

Atalaias Urbanos disse...

poxa que demais, e então quando sai o livro?
eu quero...
bjo amei o blog
parabéns!!!!